Aurélio Valporto afirma que caso de fraude contábil na varejista atinge confiança de investidores e pode causar fuga de capitais do país
O presidente da Associação Brasileira de Investidores (Abradin), Aurélio Valporto, comentou sobre a investigação da Polícia Federal (PF) envolvendo ex-diretores da Americanas em suposta fraude contábil que levou a empresa à recuperação judicial.
Impacto vai além dos investidores lesados
Segundo Valporto, esse tipo de crime “não prejudica apenas os investidores diretamente ligados”, mas “prejudica principalmente a rigidez e a credibilidade do mercado de capitais brasileiros”. Ele ressaltou que o Brasil já vem enfrentando uma fuga de capitais, e casos como esse alimentam a falta de confiança dos investidores em alocar recursos no país.
O presidente da Abradin explicou que o uso de informação privilegiada, uma das acusações contra os ex-CEOs da Americanas, configura um “roubo” contra investidores que não têm acesso às mesmas informações. No caso em questão, os executivos teriam manipulado os resultados contábeis da empresa, inflando artificialmente o valor das ações.
Necessidade de fiscalização mais rígida
Para Valporto, é necessária uma fiscalização mais efetiva por parte das autoridades, como a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), além de punições exemplares para casos de fraude contra investidores. Ele criticou a atuação “rasa” da CVM, afirmando que a autarquia é dirigida basicamente por advogados e acaba não compreendendo a real importância econômica do mercado de capitais.
Valporto também defendeu que os recursos recuperados de criminosos sejam revertidos diretamente aos investidores lesados, e não destinados a outras causas, como ocorreu com valores da Operação Lava Jato relacionados à Petrobras.